Semana Nacional Cáritas 2021

Semana Cáritas

O amor que nos transforma e salva

O rosto da Igreja é a caridade, que é o rosto de Jesus, visualizável no rosto de cada irmão que sofre. O que fizerdes ao mais pequeno dos meus irmãos é a Mim que o fazeis. Não há muito por onde escolher se quisermos ser na vida, e fiéis à nossa identidade batismal, o que somos de nome: cristãos.

Não há duas opções, uma por Cristo e outra pela caridade, pela atenção e cuidado ao nosso semelhante. A nossa opção é a de Jesus Cristo. Não Se valendo da Sua igualdade com Deus, assumiu a nossa condição humana, tornou-Se semelhante a nós. Fez-Se pobre para nos enriquecer com a Sua pobreza.

Vivemos a Semana Nacional Cáritas em plena pandemia. Se há um ano se fazia confinamento geral precisamente na Semana Cáritas, este ano já por cá andámos há algum tempo e iremos andar por mais algum. A concluir a semana, os ofertórios das Eucaristias vespertinas e dominicais realizavam-se a favor das nossas Cáritas diocesanas, receita importante para sobrevivência deste organismo eclesial e para ter ferramentas para o serviço dos mais pobres. Este ano as iniciativas são online, mas com o mesmo apelo à nossa contribuição, em prol dos mais desfavorecidos.

São 65 anos de Cáritas portuguesa, cuja a missão é ser rosto da Igreja, que por Sua vez é rosto e presença de Jesus Cristo no mundo. Como lema para este ano: “O amor que nos transforma e salva”.

É um caminho conversão permanente ao amor de Deus, manifestado e concretizado em plenitude em Jesus Cristo, que nos salva, nos transforma, nos preenche. Não podemos pregar Jesus Cristo e o Seu Evangelho se antes não estivermos convictos da Sua divindade, da Sua missão e do Seu amor por nós. Pregar, sem antes nos termos convertido, seria um contrassenso, seriam palavras ocas, banais, destinadas a serem levadas pelo vento, mesmo que Deus por essas palavras possa chegar a algum coração. Como lembrava São Paulo VI, o nosso tempo precisa de testemunhas mais do que de mestres, ou que sejam as duas coisas juntas, mestres e testemunhas.

Somos discípulos missionários. Não podemos ser apóstolos sem ser discípulos, aprendizes de Jesus, da Sua mensagem e do mistério pascal, expressão máxima do Seu amor pela humanidade. O verdadeiro discípulo quer imitar o Mestre dos Mestres e, por conseguinte, assume-se como Seu apóstolo.

O nosso olhar há de estar fixo em Jesus, o nosso coração e a nossa vida. Ao olharmos para Jesus, é clara a Sua opção preferencial pelos mais pobres. Todos têm lugar, pobres e ricos, homens e mulheres, crianças e idosos, publicanos e pecadores, estrangeiros, mas a opção de Jesus é pelos pequeninos. Quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos, pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pelos homens.

É paradigmática a parábola do Bom Samaritano. Não esqueçamos a mensagem de Jesus, em todo o tempo, também nesta Semana Cáritas. Revemos Jesus no Bom Samaritano, Ele que não Se alheia dos nossos sofrimentos e necessidades, desce, encarna a humanidade, vê e aproxima-Se, faz-Se próximo e vê-nos por inteiro. Debruça-Se sobre nós, não como quem está num patamar superior, mas baixa-Se para nos ajudar, para nos elevar, para curar as nossas feridas, colocando-nos na Sua montada, como o Bom Pastor, pronto para dar a vida por nós. Sejamos como Ele, prontos a gastar-nos pelos outros, tornando-nos próximos.

Texto publicado originalmente na Voz de Lamego, edição de  2 de março de 2021