Património edificado

IGREJA PAROQUIAL DE TABUAÇO

Situada na Rua 5 de Outubro. A Igreja Matriz é românica. Tudo indica que o primeiro templo foi edificado no século XIV; as características do românico estão presentes na capela-mor. A Igreja foi reedificada nos finais do século XVII. A Capela-mor apresenta um retábulo barroco, do primeiro terço do século XVIII, e um teto com 28 caixotões pintados, ilustrando a vida de Nossa Senhora e do Menino Jesus. Em 29 de Maio de 1733, o visitador Pedro da Rocha Guerreiro deixou ordem ao rendeiro de Barcos, para dentro de um ano levantar a capela-mor e o altar, com três degraus, acrescentando o retábulo. Em junho de 1737, as obras de adaptação continuam sob a supervisão dos párocos, Manuel da Silva Ferreira e Gabriel Rodrigues de Matos, responsável pela Igreja entre 1743 e 1749. Em 1742, as obras continuavam, e o coro e altares laterais estava em fase de conclusão. O novo visitador, Dr. Manuel de Paiva, em Junho de 1767 ordenou a pintura do teto e o douramento do arco de ligação doa altares laterais.

Em 10 de Julho de 1764, o visitador de Barcos, considerou que das capelas anexas, só a de Tabuaço não estava suficientemente dotada dos proventos. Nesta visita, dá ordens para que o batistério seja retirado do corpo da igreja, para um arco aberto na parede lateral para criar mais espaço na nave do templo.

A talha do altar-mor é joanina, de boa execução, sólidas colunas revestidas de parras e apoiadas, como refere o Dr. Gonçalves da Costa, em plintos sustentados em duas carrancas e duas aves, com ricamente ornamentadas as arquivoltas; o friso do interior é rematado por uma custódia, sustentada por dois anjos, e com a proximidade de mais dois anjos a tocar um instrumento de corda. Os altares laterais são de data posterior. No arco cruzeiro destaca-se Santa Cecília a tocar piano.

Nas peanhas do retábulo mor, Nossa Senhora da Conceição, Padroeira da Igreja e da Paróquia, e São José. Os altares laterais, na nave da igreja, são dedicados a Nossa Senhora. O do lado esquerdo, de momento, a Nossa Senhora de Fátima, tendo passado a imagem de Nossa Senhora das Graças para uma peanha, na parede lateral, para uma melhor harmonização litúrgica. Tem também neste altar as imagens de São Sebastião e Santo António. O do lado direito é dedicado a Nossa Senhora das Dores, tendo também as imagens de São Francisco de Assis, de Santa Teresa e o Senhor Morto, este aos pés do altar. Há ainda um altar (lado esquerdo de quem entra) dedicado a Cristo Crucificado.

imagem de Nossa Senhora das Dores sofreu uma intervenção para conversão e restauro em setembro/outubro de 2009. Enquadra-se nas esculturas de vulto, em madeira policromada, estofada e dourada, representando Nossa Senhora das Dores, sentada sobre uma base policromada. A imagem apresenta a Virgem Maria sentada de frente sobre a base. A túnica tem uma decoração rosa debruado a azul… Como atributos, um resplandor em prata sobre a cabeça e sete espadas de prata, três do lado direito e quatro do lado esquerdo. É uma escultura da época barroca, século XVIII.

Capela de Santo André, do lado direito de quem entra, hoje conhecida como Capela do Senhor dos Passos, foi propriedade da família Vasconcelos, onde se encontram as imagens do Senhor dos Passos e Nossa Senhora da Soledade, e claro a imagem de Santo André, centralizadora da capela. Nesta capela ficou sepultada D. Joana de Vasconcelos, falecida a 5 de outubro de 1683. Em junho de 1767, por ocasião da visitação do visitador Dr. Manuel de Paiva, o administrador da Capela retocou o retábulo e adquiriu um cálice para as missas aí celebradas. Em 1758, há notícia que a Capela pertence ao Pe. António José de Vasconcelos. Aposta à capela, duas pedras com inscrições: uma delas diz que foi o Pe. António da Fonseca que a mandou fazer, obrigando-a a 20 missas em dia de orago, e também que João Cabral da Costa deixou as missas das Chagas; a outra inscrição diz que a 2.ª possuidora, Maria de Gouveia, deixou 6 missas no oitavário dos Santos.

Também do lado direito, de quem entra pela porta principal, o altar dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, tendo também a imagem de Santa Ana com Nossa Senhora pela mão.

Há ainda nichos com as imagens de São Pedro, de Santa BárbaraSão João Batista (pia batismal).

A imagem de Nossa Senhora da Conceição, que se encontra na Sacristia, em madeira, é do século XVII.

O teto da Igreja é formado por oitenta caixotões pintados, com a vida de Jesus Cristo, dos Apóstolos e de um número significativo de santos.

Em 1996-1997, foram realizadas obras na Igreja e que a adaptaram liturgicamente, tornando-a mais funcional, e fazendo sobressair a sua beleza. Por seu lado, a Sacristia sofreu obras em 2003, em simultâneo com a Capela de Santa Bárbara, sendo efetuada limpeza e conservação do retábulo, descobrindo-se a pintura original, e do arcaz.

Encomendada à Signinum, uma Via-sacra talhada e dourada seguindo as estações propostas por João Paulo II, com passagens fundamentadas no Evangelho. Está colocada, com 14 estações, mais uma com Jesus Ressuscitado, na parede do lado direito, entre a porta lateral e a Capela de Santo André, com a última estação centrada por cima do pórtico da referida Capela. A Via-sacra foi benzida e colocada a veneração na Semana Santa de 2010, no dia 28 de março, em Domingo de Ramos, dia em que tradicionalmente se celebra a Via-sacra paroquial.

No ano de 2013 foram realizadas obras que melhoram o conforto e alteram um pouco a estética: foi colocado um guarda-vento em vidro, pelo interior da porta principal,, com a colocação de novos degraus para permitir esta intervenção; derrubada a parede que “escondia” os pesos do relógio, alargando o espaço ao da Igreja, do lado da pia batismal (no futuro o relógio será exposto no fundo da igreja); colocação de guarda-vento em vidro, na porta lateral, direita, junto à rua que desce da 1.º de Dezembro, pelo lado exterior, passando esta a ser a porta de uso à semana; colocação de estrado e de aquecimento por piso radiante, fazendo a necessária alteração elétrica, retirando-se os antigos radiadores.

Pela mesma ocasião, o arranjo da parte detrás do altar-mor, nivelando o chão e retirando o “lixo” acumulado, colocando-se um armário a toda a largura da parede, que servirá para paramenteiro e simultaneamente para arrumos, permitindo uma maior limpeza e arrumação, tendo em conta a dimensão exígua da Sacristia. Ainda neste ano a conversão e limpeza da imagem do Sagrado Coração de Jesus e de uma tela do nascimento de Jesus, com o Menino, Maria e José e os pastores, colocada no corpo da Igreja, aposta à parede que contém a via-sacra, acima da porta lateral, do lado esquerdo de quem entra.

CENTRO PAROQUIAL DE TABUAÇO

O edifício, juntamente com os terrenos adjacentes, foi comprado em 10 de março de 1955, com a finalidade de se converter em Residência Paroquial. O pároco à altura da compra era o Pe. António Martins Salvador. Era propriedade da viúva de António Augusto da Silva Barradas, D. Antónia Lopes de Vasconcelos Barradas, com quem foi realizada a aquisição. Serviu de sede ao Externato de Tabuaço até 1972.

No dia 10 de maio de 2008, foi benzido e inaugurado como CENTRO PAROQUIAL DE TABUAÇO. Situa-se na confluência das Ruas Macedo Pinto e Conde Ferreira. Tem, no primeiro piso, sete salas de catequese, duas das quais se transformam em salão, se as necessidades o exigirem, Cartório/escritório paroquial, garagem. No segundo piso, a parte habitacional, com três quartos, com as devidas casas de banho privativas, sala de jantar e cozinha. Há ainda o aproveitamento do sótão, podendo servir para quarto e escritório, para duas pequenas salas e uma maior para reuniões do Grupo de Jovens, para algumas arrumações, para albergar jovens e/ou pessoas que nos visitem em maior número.

A partir do dia 17 de outubro de 2013, a paróquia saldou a dívida do empréstimo bancário contraído para a reconstrução do Centro Paroquial.

CAPELA DE SÃO VICENTE

No lugar de São Vicente. A invocação dá nome ao lugar. O templo atual foi construído possivelmente nos séculos XV e XVI. Tem um retábulo do século XVII e completamente restaurado nos finais de 2005, concluindo obras de melhoramento da capela que vinham de há alguns anos.

O retábulo tem ao centro, a imagem de São Vicente, com uma judia que, entretanto, se convertera ao cristianismo, depois de ter sido ressuscitada por São Vicente Ferrer, e a imagem de Nossa Senhora com o Menino, chamada Santa Maria Romana. Estas duas imagens foram restauradas no ano de 2000. Em duas peanhas estão outras tantas imagens, da santa negra, Santa Frebena e São Paulo (de Tarso).

A imagem de Santa Frebena foi objeto de valorização com limpeza, conservação, desinfestação e restauro em setembro e outubro de 2009. A imagem enquadra-se nas esculturas de vulto, em madeira policromada, de raça africana. É uma imagem do século XVII, mas com algumas formas do século XVI, mas pode tratar-se de aspetos populares, segundo a técnica de restauro, Dra. Ana Júlia Oliveira. Tem como atributo um livro.

São Vicente Ferrer nasceu em Valencia, Espanha, em 1350. Entrou para os Dominicanos (Ordem dos Pregadores de S. Domingos) com 17 anos. Nesta época, a Igreja Ocidental vivia o grande cisma, com dois Papas, um em Avinhão, França, e outro em Roma, Itália. Coloca-se ao lado do Papa de Avinhão. Para que a unidade seja alcançada, incentiva o papa Bento XIII, último Papa de Avinhão, a renunciar ao cargo para que a Igreja se possa unir à volta de um novo e único Papa. Em Avinhão cai gravemente enfermo, quase moribundo. É então que tem uma visão de Nosso Senhor, acompanhado de São Domingos e São Francisco, a entregar-lhe a missão de pregar o evangelho por todo o mundo, procurando sempre a unidade da Igreja. Pregador popular, percorre a França, a Espanha, a Itália e a Suíça. As “massas” seguem-no. Ele exorta as pessoas à conversão: a vinda de Jesus Cristo está próxima. Vicente é, para a imaginação popular, “o pregador do fim do mundo”, do apocalipse. O auditório das suas pregações chegava a ultrapassar as 15 mil pessoas. Muitas vezes era chamado a intervir como árbitro de paz. Morreu em 5 de abril de 1419, em Vannes, França.

CAPELA DE SANTA BÁRBARA

Junto ao Jardim/parque Abel Botelho, conhecido como o “Calvário”, e ao Cemitério Municipal. Conflui com três ruas: Av. Marechal Carmona, Abel Botelho e 1.º de Dezembro. A sua riqueza é evidente no retábulo renascentista, séc. XVII, apresentando um trono com relevo tridimensional com os últimos momentos da vida de Cristo, da agonia no horto, à descida do corpo inerte da Cruz. Essa iconografia está presente em todo o retábulo. Este foi restaurado no ano de 2003. Possui nas peanhas as imagens de Santa Bárbara, invocação atual da Capela, e Nossa Senhora da Paz. Nas paredes laterais duas janelas geminadas, tipo neogótico, e dois quadros com pinturas alusivas a Nossa Senhora e ao menino. Do lado direito, o Menino recebe o leite do peito da Virgem Maria; do lado esquerdo, Nossa Senhora coroada Rainha, com o Menino ao colo.

CAPELA DE SÃO PLÁCIDO

Situa-se em S. Plácido. A invocação é repartida por S. Torcato e S. Plácido. O culto a S. Plácido (S. Pelágio) inicia-se na Idade Média. Nos primeiros dias de maio, era lugar de devoção também para as pessoas de Barcos, de Adorigo, de Santa Leocádia e de Santo Adrião. A Capela atual deve ter sido edificada na primeira metade do século XIX, com o abandono da ermida medieval em honra de S. Pelágio existente no Ribeiro da Môa.

Têm as seguintes imagens: Santa Eufémia (a maior, ao centro), São Torcato, São Plácido (duas imagens), …

RECINTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

O monumento de Nossa Senhora da Conceição foi benzido em 8 de dezembro de 1988, festa da Padroeira da Paróquia de Tabuaço e Madrinha dos Bombeiros Voluntários de Tabuaço. Celebrámos as Bodas de Prata em 8 de dezembro de 2013.

O propósito inicial foi colocar a imagem de Nossa Senhora da Conceição num lugar visível e acessível a todos. Desta forma foi colocada na estrada sobranceira à Vila que vai em direção a Chavães, antes do entroncamento para Vale de Figueira. Era pároco o Pe. Manuel Pinto Afonso. 

Nos últimos anos, no primeiro domingo de setembro, ou no mais próximo ao dia 8, Festa da Natividade de Nossa Senhora, temos peregrinado até ao recinto/monumento de Nossa Senhora da Conceição e aí celebrado a Santa Missa.


BIBLIOGRAFIA consultada e a consultar:

CORREIA, Alberto, Tabuaço. Roteiro Turístico. Câmara municipal de Tabuaço. Tabuaço: 2001.
GONÇALVES DA COSTA; Manuel, História do Bispado e Cidade de Lamego. Lamego: vol.s II (1979), IV (1984), VI (1992).
SILVA, Filomeno, Memórias Paroquiais de Tabuaço. Câmara Municipal de Tabuaço. Tabuaço: 2005.

www.cm-tabuaco.pt