Cumpriu-se a tradição! Sim, dentro dos condicionamentos do tempo presente, sob as normas da DGS e as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Cada ano é diferente, cada instante, mas há épocas que são marcadas por maiores adversidades, e esta pandemia atinge o mundo inteiro.
O dia 8 de dezembro amanheceu solarengo, contrariando os dias precedentes, de frio-quase neve, o que não desmobilizou os devotos de Nossa Senhora de participar na novena de preparação. Ao início da tarde, a celebração solene da Eucaristia, com a Igreja lotada, segundo as regras de distanciamento físico, com a presença dos paroquianos, das autoridades autárquicas, com os Bombeiros Voluntários de Tabuaço, este ano em número muito reduzido. Coube-lhes a guarda de honra ao andor com a imagem de Nossa Senhora e o transporte numa pequena e simbólica volta pelo exterior da Igreja, no final da Eucaristia. Não sendo possível a Procissão, e esta só é verdadeiramente procissão quando todos se incorporam na mesma, de contrário, como sabemos, é desfile, então uma volta muito simbólica, ficando a certeza de que Maria vai connosco para casa, para a vida, para as nossas ruas e avenidas, e no desafio a não a deixarmos ao pé da Cruz, mas a acolhê-l’A em nossa casa, nos nossos corações.
Face às contingências, a Santa Missa foi transmitida através da página do Turismo de Tabuaço no Facebook, cooperação com a Câmara Municipal, e da página da Paróquia no Facebook.
O pregador, Pe. Diamantino Alvaíde, iniciou a sua reflexão sublinhando que em Maria o tempo é o instante, pois n’Ela se junta o passado e o presente, o antes, o agora e depois, porque n’Ela, por Ela e com Ela, conseguimos juntar o início e o fim, o passado e o futuro num presente sem tempo, porque em Maria tudo é um agora, um momento de inteira felicidade, de inteira paz em Deus. N’Ela nem o passado nos traz insegurança, nem o amanhã nos traz dúvida, nem o passado nos provoca nostalgia, nem o futuro nos assusta, porque n’Ela sabemos que tudo está em Deus e com Ela também nós estamos em Deus. Tudo em Maria se configura para o nosso melhor bem. É n’Ela que a desobediência do passado se torna para nós bênção e graça. Maria ajuda-nos a enfrentar as dificuldades, porque acredita e confia em Deus. Ela enfrenta as adversidades com coragem e confiança. Por todas estas razões a honramos como Padroeira. E, também por isso, faz sentido os Bombeiros de Tabuaço terem-n’A Madrinha, pois Ela bem sabe o que são as contrariedades e o ir em auxílio dos mais frágeis. Tudo em nossa Senhora é um presente, porque Ela aceitou, pelo Seu sim, pela Sua vida, trazer até nós Aquele que nos há levar a Deus.
Antes de chegarmos ao Seu dia, a novena de preparação. A pregação esteve a cargo do Pe. Jorge Giroto, nos três primeiros dias, do Pe. Vítor Carreira, nos quatro dias seguintes, e finalizada pelo Pe. Diamantino Alvaíde.
O Pe. Giroto, iniciou a pregação dizendo que a novena não era só de preparação, mas também de antecipação, pois nos reunimos para celebrar a fé, a presença de Deus na nossa vida e na nossa comunidade. Apontou, então, algumas linhas pelas quais, o próprio e os Padres Vítor e Diamantino, iriam orientar esta novena: reflexão a partir da recente encíclica do Papa Francisco, “Fratelli Tutti”, sobre a fraternidade e amizade social; a liturgia da Palavra de cada dia e a figura de Nossa Senhora da Conceição. O tempo em que vivemos interpela-nos ao cuidado pelos outros, pelos irmãos mais frágeis, sabendo que também no âmbito do surto pandémico os que mais sofrem são os de sempre, os mais pobres. O Papa convoca-nos à fraternidade e amizade social, como compromisso com todos, a começar pelos mais desfavorecidos e esquecidos. A pandemia mostrou que, embora mais evoluídos, com uma economia mais robusta, continua a haver uma multidão de excluídos.
Foi esse o ritmo iniciado pelo Pe. Giroto, introduzindo-nos nos primeiros três capítulos da Encíclica Fratelli Tutti. O Pe. Vítor prosseguiu entranhando-nos nos capítulos quatro, cinco e seis, deixando os dois últimos para o Pe. Diamantino. Partindo sempre da liturgia da Palavra, o Pe. Vítor foi-nos mostrando lugares em que Deus nos desafia à escuta, à oração, ao compromisso e nos envia a ser luz e bênção. Os lugares são simbólicos, por certo, o importante é imitar Jesus, seguindo de perto o exemplo de Maria, Sua e nossa Mãe, que nos “manda” fazer tudo o que Ele nos disser. Sob a ambiência da Encíclica papal, o convite a acolher os outros nas suas diferenças, a sair ao encontro dos outros, sobretudo dos mais pobres, na certeza que o serviço aos irmãos é cuidado pelo próprio Jesus. Os outros não são inimigos ou adversários, é com os outros que nos descobrimos irmãos e com eles nos enriquecemos mutuamente na construção de um mundo mais solidário.
Peçamos ao Senhor a sabedoria para Lhe obedecer, para cultivar a arte do diálogo, na verdade e no serviço, caminhando juntos, construindo fraternidade!
Ao pároco coube agradecer a todos os que estiverem envolvidos na novena e na festa, e todos que procuram, em comunidade ser bênção e luz, invocando a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, para que a todos inspire e proteja.
