Foi com muita alegria e fé que a Paróquia de Tabuaço celebrou a festa da Imaculada Conceição, iniciando a novena em sua honra a 29 de novembro. Este ano, o pregador foi o Pe. José António (Pároco de Cabril, Ester e Parada de Ester) que regressou a Tabuaço, nesta missão, 18 anos depois. Ao longo destes 9 dias de reflexão, foram ouvidas palavras de incentivo, amor, remissão e dedicação.
O povo de Deus, fiel e santo, sabe amar Maria, através da piedade popular. A fé não é algo de abstrato, mas vive-se em comunidade, nos diversos serviços. Rezar o terço, confiar-se a Maria, pois ela nos ajuda a desatar os nós, aqueles que criamos ou nos quais somos enredados, dificuldades na família ou no trabalho.
O que fazemos é zero, não vale nada para Deus, a não ser quando colocamos o coração. Às vezes queremos fazer boa figura, ficar bem vistos. Peçamos a Maria, peçamos a Deus, que nos ajude, não a fazer boa figura, mas a fazer o bem, colocando o coração.
Se vivemos em Cristo e n’Ele existimos e nos movemos, então olhemos para a vida e para os outros com o olhar de Cristo, para vermos a apreciarmos a beleza das coisas e das pessoas. Ao olharmos para um quadro, mais facilmente nos fixamos na ação da mosca no quadro do que a beleza do mesmo, em vez de vivermos na nossa cabeça, procuremos viver no caminho.
No quinto dia de novena, a pregação coube ao Pe. Giroto. Neste dia tivemos a presença das crianças que frequentam a catequese, sendo a pregação mais dirigida a elas. O Pe. Giroto começou por sublinhar que nos encontrávamos a meio da novena, e como um jogo, o meio tem um intervalo. Assim na nossa vida, como cristãos, a oração, a escuta da Palavra, a catequese, serve para ganharmos fôlego, para nos identificarmos mais com Jesus.
Na caminhada do Advento, surge-nos a palavra “entulhados”. Palavras escolhidas da Carta Pastoral de D. António para a diocese de Lamego.
O “entulho” que por vezes nos derruba, nos aprisiona. O problema do nosso tempo não é tanto o mal que os maus fazem, mas a demissão dos bons que deixam de fazer o bem por cansaço. Na verdade, não precisamos de combater o mal, precisamos de fazer o bem. Por maior que seja a escuridão, um fósforo, a luz de uma vela, desfaz as trevas.
Um pouco como a natureza, morrer para dar lugar a uma vida nova, ou a uma configuração nova. Precisamos de morrer para o egoísmo, recriando-nos para sermos prestáveis uns aos outros.
Maria é o colo que nos acolhe, protege, nos faz saborear o amor, a presença de Deus. Nos momentos mais duros, não tenhamos medo de lhe pedir colo. Ela carregou o filho já morto, mas confia em Deus. Partilhemos com ela as nossas dores, a nossa escuridão, para que, com a graça que lhe vem de Deus, inunde a nossa vida de luz, de paz, de amor. Em tudo ela faz a vontade do Pai. Em Deus, Maria encontra a beleza, a verdade e o amor, a razão da sua entrega.
Findos os dias de novena, eis que chegou o dia da celebração da missa em honra Nossa Senhora da Conceição, seguida de procissão pelas ruas da Vila, sendo o andor carregado e com guarda de honra dos Bombeiros Voluntários de Tabuaço (dos quais é madrinha), com a paragem obrigatória em frente ao seu quartel onde lhe é prestada uma sempre emocionante homenagem com o toque da sirene, como que um choro de seus filhos que pedem colo e proteção.
Parafraseando o Papa Francisco “se queres conhecer Maria pergunta aos teólogos, se queres amar Maria pergunta ao povo”, ao povo fiel e santo que tem tantas formas carinhosas de amar Maria e como Maria fazer a vontade de Deus. Os títulos, as diferentes invocações de Maria, o carinho que o povo tem por ela, mostra como ela nos conduz a Jesus, nos ensina a amar, intercedendo por nós, desafiando-nos a fazer tudo o que Ele, Jesus, nos disser.
Mónica Aleixo, in Voz de Lamego, ano 93/06, n.º 4685, 14 de dezembro de 2022