É Natal… Levantai-vos! Vamos… a Belém

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É Natal… Levantai-vos! Vamos… a Belém

Depois da Anunciação, Maria levantou-se e partiu apressadamente para a montanha em direção a uma cidade de Judá, ao encontro de Isabel, para a ajudar, carregando no seu ventre o Salvador do Mundo. É a presença de Jesus, Filho de Deus, que torna leve e célere a pressa de Maria. Jesus não é um peso que carregamos, Ele carrega-nos e alivia a nossa cruz com o Seu amor, ainda que tenhamos de fazer a nossa parte!

Mais tarde, José levanta-se e, sem delongas, pega em Maria e no Menino e vai para o Egito. A agilidade de José vem-lhe do amor e da fé. Até de noite o Senhor o inspira e lhe mostra a necessidade de fazer escolhas que permitam cuidar do Menino e de Sua Mãe.

Anos mais tarde, Maria e José voltam atrás porque sentem o peso da ausência de Jesus. Quando prosseguimos sem Jesus a nossa vida torna-se pesada ou mesmo insuportável. O mundo precisa de notícias boas e da Boa Notícia da salvação. Maria contagia Isabel e João Batista porque n’Ela está o Senhor da Alegria, Jesus.

O lema da nossa diocese – Levantai-vos! Vamos! – obriga-nos a seguir Jesus, no momento da tormenta, mas sabendo que a Cruz é apenas mais uma etapa no caminho. A Cruz é essencial para os cristãos, enquanto expressão do amor levado até às últimas consequências, mas ainda assim não é a cereja no topo do bolo, é um prelúdio do que vem: a vida, a ressurreição, a eternidade no coração de Deus. Deus faz-Se um de nós e faz-nos participantes da Sua vida divina. Encarna para nos ressuscitar!

Sozinhos podemos perder-nos no caminho! Então prossigamos em comunidade. Não basta estar juntos, é necessário a comunhão solidária, o diálogo, a oração, colocando Deus ao centro. É Ele que nos mantém ligados, a caminhar juntos. A Igreja, que vive em processo sinodal, é fundada à imagem da Santíssima Trindade. Deus é Pai e é Filho e é Espírito Santo. Harmonia perfeita, sem confusão. A sinodalidade compromete-nos trinitariamente a promover as diferenças, valorizando o que nos enriquece mutuamente e limando as arestas que nos ferem reciprocamente.

Na região de Belém, uns pastores, que pernoitavam e guardavam os seus rebanhos, são surpreendidos pelo Anjo do Senhor, que lhes diz: «Não tenhais medo! Eis que vos anuncio uma boa nova, que será uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um salvador que é Cristo Senhor. E isto será para vós o sinal: encontrareis uma criança envolta em panos e deitada numa manjedoura».

Os pastores são pessoas simples, estão habituados à dureza dos dias e das noites. Vivem com pouco. Pobres entre os pobres. Vivem atentos a tudo o que os rodeia, a ameaças que venham do campo ou dos ladrões. Não podem perder nenhuma ovelha. Se tal acontecesse teriam que prestar contas aos donos dos rebanhos e veriam reduzidos os meios de subsistência. Confiam uns nos outros, auxiliam-se nas adversidades, protegendo-se e aos rebanhos. Serão uma bela imagem do Pastor que estão prestes a conhecer!

Logo que os Anjos se afastaram para o céu, os pastores disseram: «Vamos até Belém, vejamos o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer». O evangelista sublinha que eles foram com pressa. Confiaram nas palavras do anjo e no cântico celestial. Não há tempo a perder. É urgente partir. Encontram Maria, José e a criança deitada numa manjedoura. Logo dão a conhecer o que o anjo lhes tinha dito a respeito daquele menino. E quando regressam fazem o mesmo, glorificam e louvam a Deus (cf. Lc 2, 8-21).

Neste tempo de Natal, deixemos que ressoe em nós a ternura do Menino-Deus. Partamos. Vamos. Até Belém. Até Jesus. Não O percamos de vista! Anunciemo-l’O com alegria, descubramo-lo nas manjedouras deste tempo, nos recantos do mundo, nas nossas famílias e na vizinhança. Vale a pena partir se O levarmos connosco!

Santo e abençoado Natal.

Editorial da Voz de Lamego, ano 92/07, n.º 4638, 22 de dezembro de 2021