A Páscoa ocupa o lugar central e cimeiro da nossa fé. É um mistério de luz e de vida (nova)! Sem a Páscoa não estaríamos aqui, não seríamos o que somos e a própria história da humanidade seria diferente.
Naquela sexta-feira, santa para nós cristãos, encerra-se uma das páginas dramáticas na vida de Jesus, dos Seus discípulos e dos seus familiares, mormente de Maria, sua e nossa Mãe santíssima. Se aquela enorme e pesada pedra, que rolou para fechar a entrada do túmulo, permanecesse fechada e Jesus permanecesse na morte, não haveria discípulos que resistissem a tão grande desolação e desilusão. Tudo o que Jesus tinha dito, as opções tomadas, as obras realizadas, ficariam para sempre na memória de uns quantos, até serem substituídas por outras memórias, outros acontecimentos e outras pessoas. Nas primeiras horas daquele primeiro dia, Maria Madalena, as mulheres, alguns discípulos, vão ao túmulo e são surpreendidos pelos sinais: o sepulcro aberto, a ausência do corpo de Jesus, o espaço interior sem sinais de assalto ou vandalismo, um anjo ou dois homens vestidos de branco, a aparição de Jesus, confundido por Maria Madalena, com o jardineiro. Mais tarde, Jesus, ainda neste primeiro dia, aparece a dois discípulos que vão, tristes, a caminho de Emaús, e depois a todos os discípulos, fechados em casa, em modo de luto e com medo que as autoridades lhes façam o mesmo que fizeram ao Seu Mestre e Senhor.
O Domingo de Páscoa é a razão da nossa fé, da nossa pertença à comunidade crente. É a Ressurreição de Jesus que volta a reunir-nos, como discípulos, cimentando a nossa ligação, a Ele e, por Ele, aos irmãos. Ele ressuscitou! Ele regressou, está no meio de nós. Está vivo. A Sua vida resgatou-nos das trevas, do pecado e da morte. Jesus é a pedra angular, o alicerce da Igreja, que é o Seu Corpo, no tempo e na história, Ele a cabeça, nós os membros. Porque Ele vive e está no meio de nós, a comunhão é possível, fraternidade é um dom e um desafio. Ele faz-nos irmãos, não apenas no tempo, mas também na eternidade. Porque vive, pode falar-nos, pode dar-Se, pode mostrar-nos o amor de Deus para connosco, renovando o apelo a que, como discípulos missionários, amemos como Ele nos amou, nos ama, dando a vida.
Na paróquia de Tabuaço, como em muitas paróquias sobretudo no Norte de Portugal, o regresso da Visita Pascal. Bem cedo, pelas oito horas da manhã, quatro itinerários, para anunciar a Ressurreição de Jesus, para partilhar a alegria da fé e o facto de sermos cristãos, para levar uma mensagem de luz e de paz, de esperança e sadia convivência… quatro cruzes, com o Crucificado/Ressuscitado, em modo de festa, jovens e adultos, com esta missão de rezar nas casas das pessoas, no anúncio da Páscoa, numa jornada alegre, festiva, com uma mensagem que é uma Pessoa, Jesus ressuscitado. Tendo em conta o cenário pandémico, algumas orientações que restringiram as saudações, a partilha de alimentos, o próprio beijar da cruz, mas, pese embora esses condicionamentos, a felicidade de voltarmos a esta “tradição” tão nossa, tão envolvente, que nos interpela a “entrarmos” na casa e na vida das outras pessoas, em dinâmica de bênção e gratidão, e a deixar que elas entrem em nossa casa e na nossa vida, como enviados e presença do Senhor da Vida.
Dois anos depois, a Visita Pascal, para aqueles que fazem questão em viver este dia e em receber a CRUZ em suas casas, foi um dos momentos mais significativos, porque era um dos momentos mais aguardados, ao ponto de alguns perguntarem se havia Páscoa!
A Visita Pascal iniciou pelos pontos mais distantes da Vila/Paróquia de Tabuaço, confluindo para o centro, e, pelo primeiro ano, terminando no Centro Paroquial. Aqui se iniciou a cortejo processional para a Igreja e para a celebração da Santa Missa, o verdadeiro centro da Páscoa e da vida cristã. Agradecemos a Deus por mais esta oportunidade de encontro, de partilha, de celebração da Páscoa, mistério da morte e da ressurreição de Jesus, que nos inclui na Sua vida e nos faz participantes da Sua mesa e da Sua casa. E agradecemos a Deus por todos aqueles e aquelas que prepararam os espaços e as celebrações, participando nos diversos momentos com alegria e generosidade e com fé. A Páscoa não se encerra num dia, mesmo liturgicamente ESTE DIA que o Senhor fez vive-se e desdobra-se em oito dias como se fosse apenas o GRANDE DIA. Mas, por outro lado, mais importante, a Páscoa expressar-se-á, concretizando a mensagem que nos traz, em todos os dias da nossa vida de cristãos. Somos cristãos de Domingo, de Eucaristia e Páscoa (Domingo – Dia do Senhor – Eucaristia – Páscoa é uma espécie de redundância), sem os quais não seríamos nem cristãos nem Igreja.